Ao longo de quase 30 anos de atendimentos de pacientes, pesquisas, publicações e coordenação de grupos de estudos e supervisões, a partir do pensamento do psicanalista húngaro Sándor Ferenczi, Gisela Paraná Sanches percebeu que todo esse trabalho e experiência acumulados poderiam ser sistematizados em um curso formalizado.
Essa ideia, que já vinha sendo germinada há décadas, de estruturação do conhecimento foi acelerada pelo cenário da pandemia de Covid 19 o qual, iniciado em março deste ano, potencializou o sofrimento psíquico das pessoas, impactando gravemente a saúde mental, já precária, da população do país.
A esse projeto, uniram-se Gislaine Passarini, Samuel Malentacchi e Tatiana Monreal Cano, psicanalistas ferenczianos, os quais, há muitos anos, participam desse núcleo de formação original, estudando, pesquisando e trabalhando em seus consultórios particulares.
Assim surge a ideia da criação do Instituto Glue: um espaço para oferecer uma formação em psicanálise ferencziana – a primeira do país – integrada a uma clínica social.
Ao propor novas técnicas para o atendimento de pacientes mais graves do que o método freudiano podia tratar, Ferenczi foi, sem se dar conta, rompendo com o paradigma positivista (das ciências naturais) e forjando um método de tratamento coerente com o paradigma das ciências humanas, no qual observador e observado estão sempre e necessariamente implicados (mudança do modelo “one-person psychology” para o modelo “two-person psychology”, como dizia seu discípulo Michael Balint).
Ele vai percebendo que comportamentos e sintomas são sempre formas de comunicação, ou seja, surgem e se mantém no campo da intersubjetividade.
Esse novo modelo de trabalho que questiona o conceito de neutralidade e entende o impacto da pessoa real no analista sobre o analisando vai propor, exatamente por isso, a importância do tato, da empatia, da sinceridade, e da simpatia do terapeuta.
Ferenczi tornou-se o precursor da psicanálise relacional, da psicoterapia breve, da psicossomática e o grande especialista em pacientes traumatizados, os chamados pacientes difíceis. Ele é o pai da psicanálise moderna, já que seus trabalhos “fizeram de todos os analistas seus discípulos” (Freud, 1933).
É somente com o pensamento visionário de Ferenczi e dos autores que seguiram em sua esteira que hoje somos capazes de compreender e tratar as graves patologias psíquicas contemporâneas.
Nesse contexto, a proposta de um curso de formação ferencziana não é apenas necessária como chega em boa hora para aqueles que desejem potencializar sua competência clínica.
A formação em psicanálise ferencziana é um curso livre (não credenciado pelo MEC), consistente com o pensamento independente de Ferenczi, com 3 anos de duração.
O Instituto também oferece um curso introdutório à psicanálise, com a duração de 1 ano.
A clínica social contará com um banco de psicanalistas ferenczianos que oferecerá tratamento às pessoas que não têm condições de pagar.
Todos esses profissionais serão remunerados de modo justo através do apoio de pessoas físicas e jurídicas que desejem apoiar a causa prioritária da saúde mental em nosso país.
Tanto os cursos quanto as sessões analíticas oferecidas pelo Instituto Glue serão online para torná-los acessíveis a pessoas de todo o Brasil, ou mesmo do exterior, desde que falem português.
O Instituto permitirá replicar um modelo terapêutico eficaz para um número muito maior de profissionais e, por consequência, aumentar o número de pacientes tratados adequadamente.